O que as plataformas digitais sabem sobre você?

Já deve ter acontecido na sua vida: você abre o aplicativo da sua rede social preferida e ali está justamente aquele produto que você pensou em comprar ou sobre o qual falou para alguém. E você começa a se perguntar como é que as plataformas sabem dos seus pensamentos e das suas conversas.

O fato é que todos os dias entregamos no mundo virtual informações valiosas sobre nossos gostos, atividades e desejos, e fazemos isso sem nem nos dar conta.

De acordo com a Pew Research Center 74% das pessoas não sabe que o Facebook coleta seus dados de interesses e comportamentos. 

51% das pessoas não se sentem confortáveis com esta coleta e 27% não acreditam que estão sendo classificados corretamente. Mas como as plataformas de redes sociais coletam esses dados? Basicamente, elas armazenam todos os pedacinhos de informação que nós mesmos damos para elas.

É importante observar que praticamente todas as plataformas online coletam dados dos seus usuários, e eles são usados para a segmentação das campanhas por meio das quais as plataformas vendem espaços comerciais nas suas páginas. E todo esse ecossistema existe para que as plataformas se mantenham gratuitas.

A plataforma de pesquisa é gratuita? Sim, e ela coleta dados da sua navegação. Aquele jornal que você gosta de ler não obriga a assinar? Ele está coletando dados sobre você. O serviço é gratuito? Se é então ele coleta dados sobre você.

O primeiro tipo de dados são os que entregamos ao preencher nossos perfis: cidade onde mora, idade, gênero, onde estudou, onde trabalha, quem são seus amigos,e por aí vai. Quanto mais completo for o seu perfil, mais fácil será encaixar você em um grupo de segmentação.

O segundo tipo de dados são os coletados durante nossa navegação: páginas que você curte, assunto dos posts com os quais você se envolve, restaurantes que você curte, bebidas que prefere, filmes que já viu, lugares que você gostaria de conhecer.

Esses dados vêm diretamente das redes sociais e também de sites e aplicativos conectados a elas via cookies. O cookie é um trecho de código que estabelece comunicação entre a plataforma e pontos externos. Assim, se você visitou sites que usam algum cookie você está entregando (muitas) informações.

E se eu não quiser ter meus dados coletados?

Hum, de repente dá pra sair das redes sociais, abolir os navegadores padrão e trocá-los por navegadores que não coletam dados, como o Tor, e lembre de guardar seu dinheiro embaixo do colchão e quebrar os cartões de crédito e débito. Parece extremo, né? Mas a cada compra, a cada pesquisa, a cada salário recebido deixamos uma pegada digital.

Inclusive é possível usar dados de instituições financeiras para segmentar campanhas. Sim, dados de financiamento de casa ou carro, faixa de renda, categorias de produtos comprados, hábitos de consumo e pagamento, e várias outras.

Mas já que precisamos manter os inimigos perto de nós, precisamos entender tudo isso para chegar ao ponto de proteger um pouco melhor nossos dados e controlar quem os usa. O melhor caminho é pesquisar quais são as configurações de privacidade das redes sociais, sites e aplicativos que você usa e editá-los como for melhor para você.

Assim, você pode ter um controle maior de como os anunciantes chegam até você. Mas lembre-se que, conforme você segue navegando, os dados voltam a se acumular e você precisa fazer uma limpeza novamente. Eu faço a minha a cada 3 meses, mais ou menos.

Quando entendemos como este cenário funciona e garante tantas plataformas gratuitas, podemos entender o rastro digital que deixamos diariamente e podemos fazer as escolhas de forma consciente. Mas é como eu disse ali em cima: se é de graça, o produto é você. E você paga com os seus dados e com todos os produtos e serviços que consome ao receber o impacto das campanhas digitais.